A DIARREIA DO PODER: A COVA SANITÁRIA

07/12/2025 01:42

Aqui todo mundo é ciclano.
Ali, todo mundo é beltrano.
Por aí, é o fulano.
Todos em guerra.
Todos homens vivos, bem alimentados, sem dificuldades — sem perseguição.

Uma calúnia, umas fofocas, não adoecem.
Talvez a doença seja a própria normalidade
do excesso de poder
e da masculinidade compulsória.

Já as mulheres — as suas mulheres — os reproduzem
e eliminam quem não segue
a lógica da ordem estabelecida.

E aquelas duas docentes indígenas?
Foram abusadas — pobres coitadas.
Uma adoeceu , levou tempo, sobrevive em estado de alerta.
Sem perder a lucidez.
Alteração do sexto sentido. Sobreviventes.
Reequilibram a serpente da saúde
e a balança com suas espadas.

Vivem em processos.
E em violências diversas —
outro tipo de tentativa de assassinato.

Foi aprovada?
Foi excluída?
Nomeada?
Não.

Não existe facilitador no mundo de Adolf Hitler,
nem a cafeína da Santa Clara
desperta para enxergar.
O que impera é o “direito” torto:
dois pesos e duas medidas.
Aquele sol dali,
à beira do hospício.

Aquela outra foi eliminada.
Desapareceu da lista pública.
Sem transparência.
Tal como jogam corpos vivos na cova
para esconder a sujeira.

Cadê a gravação?
Deu branco?
O relógio apagou para carta marcada.

Tão pior foi a heteroidentificação:
racismo deliberado.
A miopia do abuso de poder escancarado.
A diarreia geral do sistema.

Agora aquelas indígenas se movimentam
em cura, almas e justiça misericordiosa.
Independentes.
Autônomas.
Corajosas.
Denunciam.
Persistem.

Sem lados nas guerras hegemônicas
dos homens de grosso trato,
que maltratam as originárias ousadas,
remanescentes das velhas indígenas,
subordinam quilombolas,
silenciam.

Não existem escolhas entre duas faces da mesma moeda.

A subalternidade é posição de luta:
(r)existência e união pelas vidas das mulheres
em seus demarcadores diversos —
o peso da racialidade, da etnicidade,
da classe subalterna e periférica, do interior.

Sem muitas escolhas.

E, se escolhem,
quem morre somos nós.
Não eles.

E suas seletividades arbitrárias.
O diretório dos índios do engenho de café Santa Clara:
convocados, nomeados.
Oficiais da corte não padecem.

Facilitadores diversos atravessam ilesos.
Da esquerda à direita,
um espelho de consultório com nomes fonéticos quase iguais,
grafias diferentes,
RGs diferentes,
CNPJs diferentes.

O espelho não reflete para a rainha
nem para o seu rei do socialismo e do capital.
de vista grossa e prática abusiva.
Quiçá para a outra face da moeda que até mais nos (a)valia... a mais valia.
Chama, então, o Adam… Smith…
pondera.

Não estamos nessa guerra.