A Psicopatia Burra

29/10/2025 08:59


A Psicopatia Burra

Por Alanna Souto Cardoso Tupinambá

  1. Sempre achei que psicopatia fosse coisa de mente que houvesse um certo nível de cálculo de inteligência — dessas que estudam o outro como quem decifra enigmas, frias, estratégicas, quase laboratoriais.
  2. Hannibal Lecter, por exemplo, parecia a personificação dessa astúcia sombria: culto, refinado, perigoso.
  3. Até que a vida real me apresentou uma nova espécie — a psicopatia burra.
  4. Sim, ela existe.
  5. E anda por aí de crachá, carimbo e vaidade institucional, achando que o poder é uma licença para violar limites.
  6. Acredita que uma entidade autônoma, com estatuto registrado, CNPJ e legitimidade própria, deve se submeter ao capricho de algum servidor deslumbrado.
  7. Como se o abuso de autoridade pudesse travestir-se de procedimento.
  8. A burrice, nesse caso, não é falta de informação — é escolha.
  9. É a recusa de pensar, o prazer de dominar.
  10. O tipo de gente que confunde função pública com propriedade privada, e autoridade com autoritarismo.
  11. Têm o cargo, mas não têm a noção; têm o poder, mas não a inteligência que o justifique.
  12. E o mais trágico — ou cômico — é que acreditam servir à ordem, quando só perpetuam o caos.
  13. Porque a burrice com poder é mais perigosa que a maldade com método.
  14. A maldade ainda calcula; a burrice, não.
  15. E quando a psicopatia é burra, tropeça no próprio ego e se denuncia sozinha — bastam os seus atos.
  16. Enquanto isso, seguimos com o que realmente importa: a educação libertadora, que não se dobra a chantagens, nem confunde respeito com servidão.
  17. Não há subordinação quando há consciência.
  18. Não há hierarquia abusiva quando o saber é coletivo.
  19. E se insistirem em perseguir quem pensa e age livremente, resta apenas dizer:
  20. quem tem razão, estatuto e dignidade, tem também o direito de dizer “não”.
  21. O resto é caso de polícia — e de vergonha, daquelas que nem o silêncio consegue encobrir.