A Psicopatia Burra
29/10/2025 08:59
A Psicopatia Burra
Por Alanna Souto Cardoso Tupinambá
- Sempre achei que psicopatia fosse coisa de mente que houvesse um certo nível de cálculo de inteligência — dessas que estudam o outro como quem decifra enigmas, frias, estratégicas, quase laboratoriais.
- Hannibal Lecter, por exemplo, parecia a personificação dessa astúcia sombria: culto, refinado, perigoso.
- Até que a vida real me apresentou uma nova espécie — a psicopatia burra.
- Sim, ela existe.
- E anda por aí de crachá, carimbo e vaidade institucional, achando que o poder é uma licença para violar limites.
- Acredita que uma entidade autônoma, com estatuto registrado, CNPJ e legitimidade própria, deve se submeter ao capricho de algum servidor deslumbrado.
- Como se o abuso de autoridade pudesse travestir-se de procedimento.
- A burrice, nesse caso, não é falta de informação — é escolha.
- É a recusa de pensar, o prazer de dominar.
- O tipo de gente que confunde função pública com propriedade privada, e autoridade com autoritarismo.
- Têm o cargo, mas não têm a noção; têm o poder, mas não a inteligência que o justifique.
- E o mais trágico — ou cômico — é que acreditam servir à ordem, quando só perpetuam o caos.
- Porque a burrice com poder é mais perigosa que a maldade com método.
- A maldade ainda calcula; a burrice, não.
- E quando a psicopatia é burra, tropeça no próprio ego e se denuncia sozinha — bastam os seus atos.
- Enquanto isso, seguimos com o que realmente importa: a educação libertadora, que não se dobra a chantagens, nem confunde respeito com servidão.
- Não há subordinação quando há consciência.
- Não há hierarquia abusiva quando o saber é coletivo.
- E se insistirem em perseguir quem pensa e age livremente, resta apenas dizer:
- quem tem razão, estatuto e dignidade, tem também o direito de dizer “não”.
- O resto é caso de polícia — e de vergonha, daquelas que nem o silêncio consegue encobrir.