PT Pará projeta 2026 com foco em unidade, programa e territórios Síntese construída em plenária reconhece Dirceu Ten Caten como liderança capaz de articular tática, alianças e o protagonismo das pautas indígenas, quilombolas, de mulheres e das periferias.

02/12/2025 23:07

 

 

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**EDITORIAL- Por Alanna Souto Cardoso Tupinambá.

 

DIRCEU TEN CATEN E O DESAFIO DA UNIDADE ESTRATÉGICA DO PT PARÁ EM 2026.

O Encontro Regional do PT Pará, realizado no último 29 de novembro de 2025, explicitou uma verdade que vinha se delineando nas bases, nos territórios e na militância orgânica do partido: 2026 exigirá mais que escolhas táticas — exigirá clareza estratégica, coerência programática e capacidade real de unidade.

As três táticas debatidas — candidatura própria, composição com vice governador petista ou priorização da vaga ao Senado — não expressam rupturas, mas diferentes formas de enfrentar uma conjuntura nacional marcada pelo avanço da extrema direita e pela disputa decisiva no Senado Federal.

Nesse cenário, um nome emergiu como síntese possível de unidade e convergência: Dirceu Ten Caten.

Dirceu como síntese das três leituras estratégicas

  1. Para os defensores da candidatura própria, Dirceu representa renovação com responsabilidade, enraizamento territorial e capacidade de mobilização.
  2. Para os defensores da vice petista em aliança com MDB á governo do Estado, ele é quadro capaz de dialogar com amplos setores e garantir estabilidade, maior inclusão, direitos e diálogos, logo sem renunciar ao programa do PT.
  3. Para os defensores da vaga ao Senado como prioridade, sua postura respeitosa e madura com o acúmulo de Paulo Rocha mostra que seu nome fortalece qualquer composição.

Por isso, sua presença não divide: articula.

O enraizamento territorial que fortalece o PT

O que diferencia Dirceu não é apenas sua força jovem que desponta aos 36 anos , mas a maturidade e o acúmulo aliados a três mandatos,  que aproximou sua presença concreta nos territórios:

  • povos indígenas do Xingu, Baixo Tapajós, Marajó, Baixo Tocantins e Região Metropolitana de Belém;
  • comunidades ribeirinhas e quilombolas;
  • agricultores familiares e extrativistas;
  • juventudes urbanas e rurais;
  • movimentos de reforma agrária e direitos humanos.

E, especialmente, sua capacidade de reconhecer o protagonismo das mulheres negras, indígenas, periféricas e quilombolas — não apenas como agentes de luta, mas também como lideranças, dirigentes e protagonistas de projetos coletivos, institucionais, políticos e científicos. Dirceu se coloca como um aliado real, capaz de nos enxergar como sujeitas que precisam ser amparadas juridicamente, inclusive diante de racismo institucional, assédios e abusos de poder.

Esse tipo de enraizamento não se fabrica: se constrói na escuta, na convivência e na presença continuada.

A questão estratégica: qual aliança o MDB deseja construir?

Durante o encontro, emergiu uma pergunta central:

O MDB está disposto a compor com o PT de forma programática — incorporando pautas de igualdade racial, direitos das mulheres, educação comunitária, povos indígenas, territórios tradicionais e periferias — ou deseja apenas a força eleitoral do partido?

Essa pergunta não é retórica: ela revela a encruzilhada estratégica do momento.

Como filiada petista presente no encontro para ouvir e compreender a dinâmica orgânica, e atuante em autogestão comunitária — com diretório e estatuto próprios autonômos, em diálogo com parlamentares que reconhecem e apoiam mulheres indígenas e entidades territoriais — registro episódios recentes que ilustram o que está em disputa:

  • a ocupação da SEDUC por docentes e discentes indígenas, diante de demandas históricas negligenciadas, que culminou na revoggação da Lei nº 10.820/2024;
  • a luta por educação escolar específica e diferenciada, especialmente para comunidades que sequer foram consultadas;
  • a reivindicação de representatividade indígena urbana, que preserva memórias e identidades recriadas em contextos ribeirinhos e urbanos;
  • a defesa e demarcação de territórios tradicionais invisibilizados pelo Estado oficial, cujos direitos seguem sistematicamente negados.

Esse conjunto de pautas demonstra que alianças não podem ser meramente eleitorais: devem reconhecer a identidade profunda do PT, sua base social, articulação de projetos comunitários e seus compromissos históricos com sujeitos invisibilizados.

O papel das mulheres na estratégia

A intervenção de Telma Saraiva, superintendente regional do MINC, reafirmou que nenhuma tática será consistente se não incorporar o protagonismo das mulheres — não como detalhe, mas como eixo político.

Ela defendeu:

  • paridade como critério, não ornamento;
  • protagonismo feminino na majoritária;
  • preservação da vaga ao Senado para o PT;
  • alianças que não sufoquem pautas históricas.

Ao colocar seu nome à disposição como pré-candidata a deputada estadual à ALEPA, Telma reforçou que as mulheres estão pautando, disputando e decidindo o futuro do PT.

Os sinais das bases: Maíra, Albertinho, Adalberto e Emerson

As contribuições dessas lideranças apontam para quatro diagnósticos convergentes:

  • Maíra Paz/ Salvaterra: fortalecer presença nos territórios, defender o Senado e assegurar paridade.
  • Albertinho Leão: alianças responsáveis, não automáticas; preservar possibilidade de candidatura própria; defender Paulo Rocha no Senado.
  • Adalberto Aguiar: transparência nas decisões e fortalecimento das lideranças principais.
  • Emerson Caldas: Dirceu vice como chave para garantir governabilidade nacional e estabilidade no Senado.

Esses sinais reforçam que a unidade não é espontânea: é construída na política viva e em constante movimento.

Considerações sem pontos finais: a convergência como tarefa histórica

A convergência como tarefa histórica — para unir, somar e não subtrair — é o que se impõe ao PT neste momento decisivo.

Dirceu Ten Caten não como unanimidade imposta, mas como liderança capaz de articular diferenças, dialogar com territórios, associações e comunidades no Estado do Pará, compreender o projeto nacional e projetar um PT-PA das Amazônias para 2026 com altivez, responsabilidade e profundidade social.

2026 exigirá coragem, estratégia, muita escuta, atendimentos, entendimentos, diálogos e firmeza programática com os movimentos de base.
E, mais que isso, exigirá fortalecer e valorizar a EDUCAÇÃO, as comunidades e seus territórios — lugar onde (re)nasce a legitimidade política do PT na Amazônia.

E, nesse horizonte, o PT do Pará demonstrou estar pronto para a travessia — com unidade, com identidade própria e com Dirceu Ten Caten como síntese desse caminho coletivo.

A decisão será tomada a partir de 06 de dezembro do corrente ano, na reunião do Diretório Estadual do PT. O partido sinaliza que priorizará a eleição de uma bancada expressiva de deputados federais e estaduais, o pleito no senado, garantindo a sustentação política do próximo governo Lula no Pará. Também reafirma a necessidade de alianças que pactuem protagonismo social, comprometidas com um Estado de direitos, plural e solar, como deve ser o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. 

E mesmo em dias tempestivos, seguimos: “Caminhando contra o vento / sem lenço, sem documento / no sol de quase dezembro / eu vou… por que não?”